terça-feira, 30 de junho de 2009

Dia 5: 05/08/09 Conceição do Mato Dentro - Serro






Este foi sem duvida uns dos dia mais bonitos da viagem. Um cenário maravilhoso de montanhas de pedras, muitas serras e água. O Espinhaço é um verdadeiro paraíso.
Sai por volta das 9 da manhã de Conceição do Mato Dentro, fiz um ritmo tranqüilo e rapidamente já tinha conseguido superar os primeiros 20km até Córregos. Me empolguei tanto que achei ser possível seguir até Milho Verde. Porem não sabia o que me esperava pela frente.
Em Córregos parei para fazer um lanche e não tinha muita coisa saudável, ai tomei uma coca e comi um pacote de bolacha recheada. Ou seja, só gordura e açucares, que mais adiante cobrou seu preço. A comida foi um erro constante nesta viagem, me programei muito mal sobre o que levar para comer durante o pedal.
Saindo de Córregos começa a estrada entra em uma região com muitas montanhas, a paisagem é alucinante de tão bonita. Mas, as subidas são muito duras, você sobe quase que o tempo todo. Que ironia do destino os dias mais bonitos são dias mais duros e cansativos.
O trecho que vai de Tapira até Alvorada de Minas é muito duro mesmo. E no caminho não tem muitos lugares para comer. Bom, um dos grandes elogios meus nesta viagem foi quanto a marcação dos totens da Estrada Real, eles estão muito bem colocados durante o caminho. Mais acho que o pessoal responsável por estes totens presumiu que maior parte dos viajantes viajassem no sentido Diamantina-Paraty. Chega em um momento que tem duas placas indicando o caminho para Serro e o totem esta exatamente no meio da bifurcação. Eu realmente não sabia para onde ir. Minha sorte é que estava com muita fome e o caminho da direita indicava Alvorada de Minas a 8km. Então segui o instinto, e fui para Alvorada.
Neste momento ficou ruim meu estado físico. Lembra que eu tinha dito do lanche “saudável” que tinha feito em Córregos?? Os atletas de resistência sabem que não é bom comer muito açucares por que eles cem rápido na corrente sanguínia dando um pico de glicose, que baixa muito rápido dando hipoglicemia. Minha vista foi ficando escura e foi acabando a minhas forças. Sem contar que este trecho que marcava 8 km eram todos de subida e que subida!!
Fui mantendo um ritmo fraco e consegui chegar em Alvorada de Minas. Minha sorte é que tinha uma pousada que servia um PF muito bom. Parei e não deu outra comi aquele “pratão”. Descansei só um pouquinho e segui até Serro.
Dei sorte pois este trecho esta sendo asfaltado e a estrada esta parecendo um tapete. Mas minha sorte hoje vai ser o azar de amanhã de muitos cicloturistas perdendo um trecho em terra.Cheguei bem cansado em Serro. Minhas pernas já estão só o caco, o treinamento esta fazendo diferença neste final de viagem. Em uma outra passagem minha pela cidade do Serro conheci uma pousada que tem uma comida muito boa. Parei lá descansar, como já conhecia esta cidade aproveitei para dormi cedo em vez de fazer tour pela noite no centro.

Dia 4: 4/08/08 Tabuleiro 4okm






Até que enfim pude durmi um pouquinho mais, pois hoje não teria que cumprir nenhuma grande distância no dia. Já conheço Conceição do Mato Dentro a algum tempo e sempre ouvi falar da mítica cachoeira de Tabuleiro, mas ainda não tinha conhecido ela.
Aproveitei que estava aqui em Conceição e resolvi ir lá. Ela não fica tão perto da cidade, uns 20 km, então ida e volta, somariam 40 km. O bom é que não precisei levar bagagem, pois ia ir e voltar para mesma cidade. É muito bom pedalar sem peso na bike, da para pedalar mais em pé poupando um pouco a virilha, que a essa altura já estava bem dolorida. Também, estou começando a sentir o cansaço nas pernas, conseqüência dos poucos treinos.
O caminho até La é bem tranqüilo de terra, com algumas subidas longas mais suaves. Cheguei na entrada do parque por volta de umas 11 da manhã. Quando sai de manha lembrei de levar uma bermuda para me banhar, mais não sabia que da entrada do parque até a cachoeira são de 40 minutos andando, e como ando de bike com sapatilha, não tinha nenhum calçado para caminhar. Sorte que o rapaz da portaria tinha um chinelo e me emprestou. Ao sair perguntei se tinha alguém lá na cachoeira, me dissera que tinha um casal. Estraguei a festa deles.
Fui seguindo a trilha e avistei o casal no caminho, só que bem em baixo. A trilha acaba no leito do rio, ai vc tem que seguir meio por estinto até a piscina da cachoeira. O casal tava com dificuldades, alcancei eles rápidos e passei chegando quase uns quinze minutos antes.
Mais como valeu este passeio, é realmente espetacular a cachoeira. Um paredão de rocha se coloca na paisagem com uns 300 metros de altura. Deixando ela esplendida. E forma uma piscina natural grande, o problema é que a água é bem escura cor de coca-cola. Este fenômeno é normal devido a decomposição das folhas dentro da água. Só da um pouco de receio por que você não sabe a onde pode pular sem bater em alguma pedra.
Por sinal este casal é muito gente boa, conversei um pouco com eles e resolvi voltar pois tinha que almoçar ainda. Chegando na portaria do parque o guia que me emprestou seu chinelo indicou o restaurante de sua mãe. Na verdade é sua casa que quando chega algum visitante sua mãe vende pratos de comida. Comi um PF maravilhoso caseiro e ele ainda me ensinou sobre um sitio arqueológico no caminho de volta.
Sai e vim reparando na estrada e achei a placa que indicava o sitio. É umas pedras que ficam bem ao lado da estrada com umas pinturas rupestres lindas, são três desenhos, que estão nas fotos.
Fiz a visita e sai, quando terminei a decida boto a mão no peito e vejo que não estou com minha mochila de hidratação. Tinha esquecido lá no sitio. Voltei subi uma subida de uns 3 km, e lá estava ela bem em cima da pedra que eu deixei peguei e fui embora.
Cheguei no final da tarde em Conceição, aproveitei para descansar, pois amanha tem mais!!

Dia 3: 03/08/08 – Itambé do Mato Dentro – Conceição do Mato Dentro. 67km






Estava em um sono pesado quando comecei a escutar uma algazarra do lado da minha janela. Quando abri para ver, devia ter umas 10 maritacas brigando ou brincando, não sei, mais faziam um barulho do que acorda qualquer um. Melhor acordar com maritacas do que com barulho de ônibus!!
Já levantei e comecei a arrumar as coisas, limpei a bike que estava com muita poeira do dia passado e passei um olho na corrente. Me lavei e fui tomar um café. Muito bom o café, queijo minas, broa, pão e banana. Simples mais bem reforçado o lanche. O melhor é que o café da manhã é servido na varanda da frente da pousada, justo por onde nasce o sol. Era uma manhã espetacular, aquelas que você pretende ter todos os dias da sua vida, vendo o sol e só com barulho de pássaros.
Paguei a pousada e terminei de arrumar as coisas para ir embora. A saída foi bem dura. Após andar uns quintos metros já começa a subir e subir e subir. Achei que ia chegar no céu. Sobe uns 7 km. Porem quando se chega lá em cima é recompensador. Uma visão maravilhosa da Serra do Cipó ao longe. E teve outra surpresa também.
Eu já tinha visto na TV que tinha um senhor que mora em uma pedra nos caminhos da estreada real. Mais não tinha nem idéia de onde era. Quando comecei a descer avistei ele andando em uma trilha. Gritei mais ele não escutou, então desci da bike e fui atrás. Mais adiante o alcancei. Seu nome é Domingos, é bem velinho, me falou que tinha 75 anos e que morava lá a pelo menos 20 anos. Tinha bastante coisa em sua “casa”, garrafas, panelas, etc. conversou bastante comigo falando sobre o entorno de sua casa e do esforço que tinha feito para acabar com as cobras. Senti seu Domingos meio carente pelo jeito que me recebeu, não deve ser fácil morar sozinho no alto de uma montanha. Mais a visão de sua casa é o sonho de muitos alternativos.
Voltei para minha bike e começou um longo trecho de descidas, que as vezes era interrompido por retas com muita areia, que você tinha que descer da bike e empurrar. Quando acabou esta sequência de descidas avistei um rio no vale, quando estou passando vejo uma bike encostada cheia de malas. Era Alexandre, um carioca que estava fazendo a viagem sozinho de bike, mas em sentido inverso ao meu. Parei para dar um mergulho no rio também e refrescar as pernas nas águas geladas e cristalinas. Como é bom estes descansos.
Trocamos algumas dicas de pousadas e restaurantes, e ele me passou a indicação de um restaurante em Morro do Pilar. E que boa dica de Alexandre, realmente era muito boa comida lá. Parei comi um prato feito, para não perder o costume, e descansei bem pouco e segui em frente.
Este dia é realmente muito bonito, mas é muito duro. Confesso que estava sofrendo já pelo acumulo da distancia e as dores na virilha. Novamente, depois de uma descida longa descida, avistei outro rio. Parei para me banhar e dar uma descansada, pois me parecia que pela frente tinha muita subida ainda, eu estava no meio de um vale.
Saindo do rio começou não deu outra, uma longa subida de uns 5 km, subi ela em uma constância boa mas com dores no corpo. Ela acaba no asfalto que liga a Serra do Cipó com Conceição do Mato Dentro. Ai foi só descida até Conceição.
Esta cidade já conhecia dos meus passeios pela Serra do Cipó. É muito calma e bonita e abriga uma vegetação linda em seu entorno, que varia da mata atlântica ao cerrado em cima dos morros. Fiquei em uma pousada no centro, por 15 reais a diária com café da manhã. Resolvi também sair um pouco da estrada real e conhecer a cachoeira do tabuleiro no dia seguinte, dizem que é muito bonita, agora chegou minha vez de ir lá.