sábado, 16 de abril de 2011

1° Etapa do NEREA Corrida de Aventuras – São Bartolomeu/MG

Galera reunida antes da largada.
São Bartolomeu, distrito histórico da cidade de Ouro Preto, antiga rota dos viajantes que buscavam ouro na Vila Rica, foi o cenário da primeira etapa do circuito NEREA de Corrida de Aventura. Boa escolha da organização, a região é muito rica ecologicamente e situa-se na Serra do Espinhaço. Não precisa nem falar como foi o desnível desta prova – como quase todas em Minas Gerais.

Convidei o Marcus, meu camarada, para competirmos na categoria expedição, de 130km. Ele topou na hora, pois está em boa forma e tinha acabado de ganhar a primeira etapa do campeonato capixaba na solo e na geral! Tudo certo, material conferido, partimos para São Bartolomeu, na manhã do dia 26 de março, com um dia lindo. Às 9 da manhã foi realizado um briefing e entregue os mapas, começamos a plotar nossa rota e percebemos que seria uma prova muito dinâmica e dura.

No tempo em que tinha morado em Ouro Preto pedalava muito por esta região, quando olhei o mapa reconheci alguns caminhos que me ajudaram a reconhecer alguns trechos da prova. Às 11 horas da manhã foi dada a largada, estava muito calor, a primeira trilha eu conhecia, entramos forte. Tinha um colega meu de universidade o Hugo, que estava fazendo em dupla com seu amigo Tixa, chamei ele para nos acompanhar na primeira no trekking, pois eu conhecia a trilha.

Em 15 minutos batemos o Pc 1 em primeiro geral, e partimos num ritmo moderado. Entramos subindo a Serra de Ouro Preto, num antigo caminho da estrada real, este trecho era bem bonito andando na serra com mata o tempo todo. Batemos o Pc2 em primeiro geral de novo acompanhados pela dupla Hugo e Tixa. Logo depois o quarteto Trotamundo encostou e passou num ritmo muito forte, nem tentamos acompanhar por que a prova era muito longa. O Pc 3 realmente demonstrava o quanto especial era o lugar que estávamos andando, um chafariz construído ao estilo colonial barroco datando 1782, imagina a quanto tempo e quantos viajantes aventureiros já não tinham passados naquele lugar- não muito diferentes de nós!

Eu e Marcos pegando uma água.
Estávamos fazendo um bom trekking quando um incidente mudou o rumo da corrida para mim e para o Marcão. Em uma descida forte tropecei num arrame farpado que estava no chão, abaixo do capim. Cai de peito e o arame voltou na perna do Marcus e fez um corte profundo. Paramos na hora e fizemos um curativo e voltamos para prova. O Marcus estava resistindo bravamente ao machucado, reduzimos um pouco o ritmo e fomos alcançados por um grupo de corredores.

Chegamos à área de transição e o Marcus estava disposto a continuar na prova. Pegamos a bike e saímos, e logo de cara tinha uma longa subida. O Marcus começou a ter forte câimbra na panturrilha, da perna que não estava machucada. Devido ao grau do machucado, o Marcos resolveu voltar enquanto ainda estava perto e ir dar pontos. Como já estava aguado para fazer uma Corrida de Aventura este ano, resolvi continuar na prova e testar como estava meu treinamento e meu físico. Juntei com a dupla Hugo e Tixa e fomos fazer o pedal.

A bike estava sendo tranqüila, uma navegação exigente, mas o mapa estava bem atualizado facilitando a navegação. Chegamos no PC9 da prova e batemos em 2º e 3º geral da prova, eu conhecia uma das rotas que levava ao PC 10, mas tinha um caminho no mapa que era muito sedutor. Saímos eu, Hugo, Tixa e o Matheus, não demorou muito encostou o Juninho da Brou, e um pouco mais a frente o quarteto Trotamundo. Chegamos à entrada de onde era a possível trilha que levava direto ao PC 10. Quanto mais subíamos, mais a trilha ia se fechando, até chegar o momento que ela se fechou de vez. O Ezio e o Dino da Trotamundo subiram tentando achar a entrada da trilha, depois de quase meia hora voltaram falando que não tinha encontrado.

Conversamos todos e resolvemos tentar outra rota mais longa, mas que subia menos. Paramos em São Bartolomeu, tomamos uma Pepsi (que até parecia Coca) e comemos. Com um pouco de dificuldade na navegação noturna batemos o PC 10. A noite já esfriava bem, e eu já não via a hora de chegar à minha caixa para pegar minhas roupas de frio.

O Pedal noturno era muito exigente com muitas subidas e fechado por matas ao redor. Ao longo deste trecho o pelotão foi se dispersando, a Trotamundo o Juninho e o Matheus seguiram na frente, eu, o Hugo, o Tixa e o Daniel Romero ficamos um pouco mais para traz. Chegamos ao PC 11 onde estavam nossas caixas e onde faríamos o rapel. Para o alivio de todos, o rapel tinha sido cancelado, pois era em uma cachoeira e era arriscado de ser feito de noite. Paramos para descansar e o primeiro pelotão já partiu para ir buscar o AT para o remo.

Eu e o Daniel Roemero
Comemos bem, trocamos de roupa e lubrificamos a bike no PC11. O caminho para o PC e AT 12 era muito confuso e difícil de ser visualizado a noite e a organização havia deixado uma indicação da rota. Se não fosse esta indicação estaria perdido lá até agora. Era uma trilha bem fechada no meio de uma mata e muito lisa pela umidade, sem contar que o azimute não batia em nenhum momento com o mapa. Batemos o AT para o remo à uma da manhã.

O Hugo e o Tixa estavam exaustos, eu não queria de jeito nenhum partir para um remo de 22km noturno sozinho. Decidimos tirar um pequeno cochilo no AT para repormos um pouco de energia. O combinado era que dormiríamos uma hora, mas o caminhão de transporte dos barcos estava no AT e para ajudar cheio de plástico-bolha. Fizemos uma verdadeira cama com os plásticos com direito a travesseiro e cobertor!! Rsrsrs. Nestas horas você percebe como que uma simples dormidinha é tão prazerosa, dormimos até as 6 da manhã.

No meio da noite o Daniel Romero chegou também no AT e parou para dormir. Acordamos todos e nos perparamos para remar, eu e Daniel decidimos ir em um barco duplo, em vez de solo. O remo foi parte nos rio das Velhas e entrou em um pedaço de lagoa. Foi um remo espetacular, com uma vegetação maravilhosa ao redor, principalmente na lagoa.

Depois de 4 horas de remo batemos a segunda transição, com direito a uma jaracuçu nadando do lado do barco na hora de descer na lagoa, por pouco não piso nela. Para nossa sorte, um pedaço do próximo trekking tinha sido cancelado pela movimentação de caminhões no trecho. Deixaram-nos de caro no pc14 e partimos. Esta parte do trekking foi muito boa, e ter a companhia de Daniel ajudou a romper monotonia, ele já é um corredor com mais de 10 anos em corridas de aventura, e me deu uma verdadeira aula do esporte.
Batemos o pc15 que era a casa de um garoto, num local realmente privilegiado. Era no meio de um vale, com duas cachoeiras de fundo maravilhosas e um campo de futebol. Eu fico imaginando com tem gente que investe milhões em um imóvel para não ter nem a metade de espaço que aquele garoto desfruta na sua vida.

Uma da tarde chegamos no AT pata pegarmos nossas bikes, e saímos para um pedal tranqüilo de volta a São Bartolomeu. Terminei a corrida às três da tarde, depois de 28 horas de prova, e por incrível que pareça com um sorriso enorme no rosto e sem me sentir cansado, e se ainda estivesse valendo resultado, em 4° geral. Fazer 100% do percurso de uma corrida como esta não fácil. E nessas horas que começo a perceber que o que mais me motiva a fazer corrida de aventuras, não é vontade de subir em primeiro lugar no podium, ou saber que sou bom em um esporte. É simplesmente o gosto de estar em meio à natureza, em situações extremas (leia-se, em verdadeiras roubadas).
Vamos descobrindo este sentimento, justamente nas horas que estamos perdidos, com frio, com fome, doido de vontade de dormir em uma cama quentinha e apenas o que nos motiva seguir em frente (pelo menos no meu caso) é uma vontade de saber qual vai ser a próxima surpresa e próximo lugar que organização vai nos enfiar!! Galera do NEREA vocês estão de parabéns pela organização, a prova foi maravilhosa, dinâmica, com muita navegação e passando por lugares deslumbrantes. Já estou aguardando a próxima etapa em Itabirito, e pelo local, acho que não vamos escapar das subidas!








sexta-feira, 1 de abril de 2011

Costão Itacoatiara

Vista noturna da praia de Itacoatiara.
Esta postagem é parte de uma série que pretendo fazer sobre as belezas naturais do entorno do Rio de Janeiro.


No dia 19 para 20 de março falaram que iria ter a maior lua dos últimos vinte anos. Não é todo dia que eventos como esses acontecem, e nada melhor que reunir os amigos para fazermos algo especial. O Pedro e o Felipe são dois grandes amigos meus do Rio, sempre saímos juntos pela Lapa e praticamente conheci o Rio de Janeiro e seus programas culturais por meio deles. Já fazia algum tempo que eles queriam vir em Niterói para conhecer a praia de Itacoatiara. Itacoatiara é um verdadeiro paraíso a parte em Niterói, uma praia de mar agitado, afastada do centro e rodeada por montanhas e rochedos, forma um cenário deslumbrante para os olhos viciados em concreto.

Eu eo Felipe num momento invertido.
A nossa idéia era tentar subir uma pedra que fica do seu lado esquerdo chamada Costão, que tem acesso por dentro do parque da Tiririca. É um local muito conhecido, que permite uma vista privilegiada da praia de Itacoatiara, da praia de Itaipuaçu e da lagoa de Itaipú. Bom, queríamos subir de noite para ver a Lua e tocar um violão. O Pedro pegou o carro de seu pai emprestado e veio junto com Felipe e um amigo português do Felipe chamado Hugo. Passaram em minha casa e partimos para lá. Estávamos juntando dois programas, pois eles tinham uma amiga que estava fazendo sua festa de aniversário em Itacoatiara e pretendíamos juntar todo mundo e subir o Costão.

Chegamos por volta das 10 da noite na casa da amiga do Pedro. A galera já tinha bebido a tarde toda e estava meio desanimada de subir, uns até que tentaram ir, mas começamos a caminhar, antes de chegar na subida, todo mundo voltou. Para nossa tristeza, chegamos na entrada do parque e o acesso a pedra só pode ser feito de dia. Tentamos conversar com o vigia para negociar nossa subida, nos responsabilizando por qualquer tipo de acidente, mas ele foi imparcial na decisão e vetou.
Pedro praticando Yoga.

O costão ficou como um nó entalado na garganta. Fomos até a praia, vimos a lua e decidimos voltar no outro dia para subir. Acordamos e partimos novamente para Itacoatiara. O dia não estava muito quente e tinha um pouco de nuvem no céu, não deixando que o sol tivesse 100% de exposição. Paramos o carro do lado da portaria e assinamos o livro e começamos a subida. O caminho é todo marcado por placas, mostrando que o parque da Tiririca esta investindo em um plano de manejo que inclui esportes “outdoors”, com algumas trilhas de caminhada e uma área de escalada em boulders muito conhecida pelos escaladores cariocas.

vista da praia de Itacoatira.
O Hugo não fazia esportes à muito tempo, logo no começo já começou a sentir a subida na perna. Fomos tranquilamente para esperar o Hugo e aproveitávamos as paradas para tiras fotos da paisagem e Pedro fazia alguns assanas (ele é formado em Yoga). Entramos no embalo eu e o Felipe praticamos um pouco também, o que nos rendeu belas fotos. Em pouco tempo já estávamos no topo.

Galera reunida;
da esquerda para a direita: Hugo, Felipe, Pedro e Eu
A vista lá de cima é algo surreal, nem parece que temos belezas naturais tão perto de um centro urbano como o Rio de Janeiro. Se tem uma coisa que é maravilhosa nesta cidade e no seu entorno, são as belezas naturais. Eu deixo de dica, se uma hora você estiver estressado, cansado e de saco cheio da vida, suba o Costão e fique cinco minutos em silencio, só escutando vento e o barulho do mar. Te garanto que vai ficar novo outra vez, e se quiser mais, depois da descida passa na praia da um mergulho e toma uma água de coco. Fala pra mim, tem coisa melhor na vida?