sábado, 5 de fevereiro de 2011

Ilha Grande: quem disse que não temos Caribe?

Nascer do sol no Aterro do Flamengo.
No último final de semana de janeiro aproveitei para dar uma relaxa e praticar um pouco de esporte em meio a natureza. Como estou morando em Niterói, resolvi explorar as belezas naturais do estado do Rio de Janeiro e o roteiro escolhido foi Ilha Grande. É impressionante o tanto que é bonito e que a natureza esta preservada neste lugar.


Ilha Grande esta localizada no sul do estado do Rio a aproximadamente 100km da capital. É uma ilha toda recortada e cheia de belas praias, roteiro ideal para quem gosta de fazer caminhadas em meio à mata atlântica e praticar mergulho livre, com grandes possibilidades de visualizar uma fauna marinha exuberante. Para chegar a Ilha você deve sair de três municípios onde é possível fazer a travessia de barco: Angra dos Reis, Conceição de Jacareí e Mangaratiba. Lembrando que dentro da Ilha não é permitido à circulação de veículos.

Bom, como sempre gosto de um pouquinho de aventura nas minhas viagens nada melhor que dar uma incrementada neste passeio. Fui pedalando de Niterói até Mangaratiba, são aproximadamente 130km, que fiz em 5horas e meia de Mountain Bike com bagageiro, e ainda fui recompensado com belíssimo nascer do sol no aterro do flamengo. Mas estava muito calor, quando era meio dia marcava 41°, eu não resisti ao avistar uma cachoeira pequena na beira da estrada e tive que parar para dar uma refrescada.
Vista da estrada que leva a Dois Rios.

O pedal em si é tranqüilo, mas o problema é que são 50km para atravessar a cidade do Rio de Janeiro, e com muito transito. Fui seguindo a orla do Rio quando chegou na Praia do Recreio peguei a estrada que liga a Costa Verde, passei pelo bairro de Santa Cruz, lá entrei na avenida Brasil e depois segui pela Rio-Santos. Para quem for fazer este pedal eu recomendo começar do município de Itaguaí, pois a estrada dali para frente é boa e tem acostamento, evitando assim pegar este trecho urbano.

Cheguei a Mangaratiba por volta das 13 horas, sorte que saia um barco em seguida para Ilha Grande, o Saveiro Dezareé. Este Saveiro parti todos os dias as 8:30 de Ilha Grande para Mangaratiba e as 13:00 de Mangaratiba para a Ilha. É uma viagem tranqüila de uma hora e meia onde você pode avistar as praias do continente e também a Ilha ao longe com seu pico do papagaio se impondo no horizonte, marcador natural.

Praia do Caxadaço.
Ilha Grande figura na história brasileira desde os tempos da colonização, nos últimos anos era instalado lá um antigo presídio onde presos eram mandados. Em 1994 foi definitivamente fechado este presídio e hoje é um local muito explorado por veranistas que vão à procura de natureza e belas praias. O primeiro fato marcante para quem visita pela primeira vez (como eu!) é a quantidade de turistas estrangeiros, principalmente argentinos.

Como tinha programado um roteiro para os dois dias, resolvi fazer longas caminhadas para poder conhecer o máximo de lugares possíveis. No primeiro dia eu percorri um trajeto que dá por volta 22km, com as distancias calculadas de acordo com o mapa de trilha da ilha.
Mapa das trilhas de Ilha Grande.

Sai da Vila do Abraão de manhã e segui sentido Dois Rios, este trecho é uma estrada bem aberta, porém sobe muito o que possibilita um visual interessante da Ilha. Antes de chegar a Dois Rios entrei na trilha que leva a praia de Caxadaço. É uma trilha fechada, no meio da mata atlântica, nela tem alguns caminhos de pedras feitos pelos escravos, este trecho tem que tomar cuidado, pois é fácil de se perder, principalmente nesta época do ano que as enxurradas abrem caminhos pela encosta como verdadeiras trilhas.

Vista da trilha Palmas-Vila do Abraão.
Chegando a Caxadaço parei para dar uma descansada e curtir a praia, é realmente alucinante. A água é cor verde claro, parecendo uma verdadeira piscina. Com um simples óculos de natação eu mergulhava e conseguia ver muitos peixes coloridos. Lá conheci dois rapazes que estavam se aventurando pelas trilhas também, Daniel e Mancha.

Eles conheciam um caminho que saia da Praia de Caxadaço e ligava a Praia de Sto. Antonio. É uma trilha bem fechada no meio na mata, onde passa poucas pessoas, segundo Daniel que mantém esta trilha é o instituto de preservação que atua na Ilha. Foram duas horas de caminhada dura pela mata para chegar a Sto. Antonio.

Entrada da trilha do Pico do Papagaio.
Valeu a pena conhecer esta praia. Aparentemente ela não tem nada demais, já que seu trecho de areia é curto, mas quando você mergulha a história muda. Eram muitos peixes coloridos e de todos os tamanhos, a sensação era de que eu nadando dentro de um aquário. O mais engraçado é que os peixes também te observam, te mostrando que naquele ambiente o ser exótico é você. Parecia realmente que eu estava naquelas cenas dos documentários de Jacques Cousteou, que tanto eu via na minha infância.

Depois ainda passei pela praia de Lopes Mendes para conhecer, bem bonita por sinal com uma larga porção de areia e poucas pessoas. Seguimos sentido a Praia de Pouso, de lá sai uma trilha que liga a Praia de Palma, que tem outra trilha que vai para a Vila do Abraão. Resumindo, basicamente é uma longa e cansativa subida e você desce o mesmo até a vila. Assim, terminei o primeiro dia de caminhada.

Vista do cume do Pico do Papagaio.
Quando vinha no barco eu via o pico do Papagaio se impondo e marcando Ilha Grande, pensei comigo “[...] com certeza vou subir lá!!” todo mundo que perguntei informações sobre a subida me falaram que era uma árdua caminhada de umas 3 horas. A entrada da trilha já assusta, pois é bem fechada. Sai cedo, rápido já estava na entrada da trilha. Tirei umas fotos e chegou um grupo de três rapazes falando em inglês. Com meu tupiniquin inglish, eu perguntei se eles iam subir e me disseram que sim.

Comecei a trilha num ritmo forte, o caminho é uma mata atlântica maravilhosa cheia de orquídeas e bromélias e se ouve muitos pássaros. A trilha ora segue bem marcada, ora se confunde com a vegetação e as raízes das grandes árvores que estão no chão. Em alguns trechos ela esta meio suja pelas árvores caídas no caminho, devido a época de chuvas.

Com duas horas de caminhada cheguei no cume, uma pena que estava nublado e não dava para ver nada além do belo monólito. É realmente muito alto, tem uma pedra que é possível subir e com cuidado, pois um tombo é fatal. O bom é que as nuvens refrescavam e depois vários dias de calor que vinha passando, estava no final agradecendo aquele ar condicionado natural.

Uma meia hora depois que cheguei, os rapazes que tinha encontrado na entrada da trilha chegaram também. Eram dois de São Paulo que chamavam Pedro e um da Macedônia, Zoran. Batemos um papo lá por cima, tiramos algumas fotos.

E depois de uma relaxada encaramos a caminhada de volta, com direito a escutar um verdadeiro coro de macacos Bugio, e ainda avistei uma cobra jaracuçu na trilha. Fica ai um conselho para a descida, prestem atenção, pois a chuva abriu caminhos que te confunde facilmente, então você tem que olhar bem por onde segue as marcas da trilha e as árvores no caminho estão com pequenos cortes para identificar o caminho.

Monólito Pico do Papagaio.
Depois fomos dar uma relaxada na Praia Preta, bem perto da Vila do Abraão. Eles me convidaram para ir jantar no albergue deles. Uma dica muito boa, vale apena ficar em albergue lá Ilha, eles são bem limpos e bem organizados e você ainda conhece gente do mundo inteiro. Ficamos tomando uma cerveja e jogando truco até tarde. Até que um dos Pedros passou muito mal com algo que ele comeu no almoço, e tivemos que levar ele para o hospital, ele foi rapidamente atendido e tudo já estava bem!

Assim, termina mais um “adventure weekend” com direito a um eco-training-turismo por Ilha Grande. Agora espero poder voltar em breve para conhecer os outros lugares que ficaram faltando. Quem sabe eu não encare uma caminha Ilha Grande 360°, pode ser no futuro. Agora para quem não sabia, temos praias com água tão clara como o caribe, isto podem ter certeza, visitem Ilha Grande e verás!