segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

2° Corrida de Aventura da Brou Aventuras

Largada: Pedroa Alex camisa verdee a frente.
A cidade de Lavras Novas, distrito do Município de Ouro Preto foi o palco escolhida pela galera da Brou Aventuras para realizarem sua corrida. Este pacato vilarejo localiza-se a 18km de Ouro Preto no alto de uma montanha que pertence ao complexo da Serra do Espinhaço. Com uma vegetação que oscila de campo rupestre a mata atlântica nas baixadas é o cenário ideal para um bom final de semana para se colocar em situações extremas. E foi justamente isto que está prova nos reservou!


Quem sempre realiza as corridas de aventura comigo, na formção da dupla masculina Harpya é o Felipe e o Marcus, porém os dois estavam inabilitados para fazerem está prova: o Felipe por uma lesão no joelho e o Marcus que acabava de entrar em um emprego novo e não poderia viajar. Fiz um convite a Kilder, um grande amigo competidor de Mountain Bike da cidade de Ouro Preto.

Todos os detalhes acertados partimos para Lavras Novas, na sexta feira que antecedia a prova. O Kilder estava bem nervoso, pois nunca tinha participado de uma prova como está, e tão pouco é acostumado a fazer longas caminhadas – sendo que teríamos um longo trecho de trekking pela frente. Lógico que eu estava agindo no papel de amigo cruel e falando para ele que ele iria tirar de letra, já que ele é tão forte no MTB. Mas um trekking longo para quem não está acostumado é algo bem duro!!!

As 6 da manhã do sábado estávamos acordados, material arrumado e vestidos. Tomamos um bom café da manhã, e fomos buscar o mapa, depois de uma pequena estudada nos detalhes vi que faltava a marcação de alguns pcs no meu mapa, quando reparei, M@# ... tinha pegado o mapa errado. Voltei no controle, mapas trocados, só faltava plotar. Voltamos para o Hotel e fizemos nossa estratégia.

Alinhamos para largada que foi dada no centro do vilarejo, a primeira modalidade era mountain bike. Largamos bem forte e batemos o primeiro pc1 em primeiro geral da prova. Seguimos por uma rota escolhida por mim que nos custou algumas posições, ou melhor, fez com que formássemos um pelotão a frente da prova composto, por nós, pela dupla Advogados Aventureiros, pelo atleta solo Guilherme Figueiredo e pelo quarteto Yaks. Estávamos em um bom ritmo e aberto dos demais na ponteira da prova, quando surgiu o primeiro imprevisto da prova, o pc2 não estava no local indicado. Depois de batermos bastante cabeça, resolvemos em grupo partir e avisar a organização.
Pelotão na liderança da prova.

Realmente o PC tinha sido removido por alguém. Entregamos a bike no AT1 em primeiro geral, seguidos de perto por um, grupo. Deixamos a bike saímos para fazer o rapel. Erramos a entrada da trilha que levava ao rapel logo no começo, fazendo que o pelotão todo se juntasse. Subimos juntos e realizamos o rapel. Descemos novamente para área de transição deixamos os equipamentos do vertical e partimos para uma dura pernada de trekking.

Este trekking foi algo realmente alucinante, era o contorno de uma serra que fica no distrito da Chapada. Seguiamos junto com a Yaks e os Advogados, logo a frente erramos a entrada da subida da serra, tendo que fazer um corte pela lateral da serra que nos custou algumas posições. Acertamos o caminho e batemos o Pc5. O resto do caminho seguia sem trilha pelo lado de trás da serra, um lugar paradisíaco com uma vegetação de campo rupestre, e que exigia muito da navegação pela ausência de trilha. Contornamos um pico e começamos a descer reto pela escarpa da serra.

Na descida desta serra, Kilder por não estar acostumado a andar começou a sentir a seu joelho e musculatura da coxa. Ele tomou um analgésico e continuo. A dor foi agravando conforme caminhávamos e tivemos que deixar o grupo se distanciar. Kilder estava com muito medo de não conseguir completar, pois ainda restava mais duas pernadas de bike que somavam uns 45 km, fora um remo de 15km e uma pernada de trekking de 15km. Tranqüilizei ele e seguimos.

Pegamos as bikes no AT e partimos para pedalar 8km até a área de transição do remo. Chegamos tranqüilos lá pegamos nossa canoa e colocamos na lagoa. A canoa canadense é mais fácil de remar que os barcos ducks. O Kilder não teve dificuldades no remo, apesar de nunca ter remada antes. Fomos pegar o pc9 e devido a o nível de água estar tão baixo não era possível chegar até lá remando. Deixamos a canoa na beira da lagoa e eu fui correndo pegar o PC.

Seguimos remando e a noite começou a cair. Chegamos no local indicado do pc10, e eu não encontrava ele por nada. Lembrei que no briefing os organizadores tinham falado algo sobre a mudança de lugar do PC, mas como eu estava muito adrenado não prestei atenção. Depois de bater muita cabeça, eu e o atleta solo Guilherme Figueiredo, vimos uma luz piscando na beira da lagoa e encontramos o Pc 10. Depois de carimbar o mapa seguimos.

O remo noturno é algo impressionante, estava uma paz sem nenhum barulho, eu estava com dificuldade de achar o caminho pois estava difícil de vizualizar a margem. Derepente escuto uma voz: - Ta pescando? Eu respondo: - não to competindo! A voz completa: - não se você está pescando o azimute?! Era o Henrique Araujo, um atleta muito experiente da categoria solo, fui conversar com ele e ele me disse que não tinha achado o pc10, eu informei a onde estava e ele voltou para pegar.

Chegamos na área de transição e estava o maior bafafá. O pessoal do Quarteto Yaks não tinham achado o poc10 e estavam discutindo com os organizadores dizendo que o PC não estava lá. Confirmamos a lugar do PC e a discussão acabou. Outro atleta solo, Pedro Pinheiro também não tinha achado o PC, vendo que ele estava lá resolveu voltar esta parte do remo e pegar o PC.

Kilder junto com o Advogado Aventureiro.
Comemos um macarrão na área de transição e partimos para o trecho noturno da prova em 2° colocado na categoria e 3° geral da prova, estávamos muito bem. Como ainda tenho um pouco de insegurança na navegação saímos juntos com o Henrique, ele me disse que sabia onde estava o pc11, pois já tinha organizado uma prova naquele lugar. Fomos juntos, só que o Henrique tinha uma estratégia diferente da que eu tinha traçado, pela minha insegurança confiei.

Daí para frente foi uma série de infortúnios. Nos perdemos nesta navegação e não conseguíamos achar o PC por nada neste mundo. Chegamos a ficar mais de 2 horas do lado dele, mas não achamos. Depois de bater muita cabeça resolvemos parar para dormir. Estava muito frio e era muito difícil dormi, apenas dei uma relaxada. Saímos e paramos na casa de um senhor para pedir informação e ele nos disse aonde estava. Voltamos lá e confirmamos nosso erro.

Quando partimos para tentar pegar o pc12 já era de dia. Seguimos em um ritmo tranqüilo e avistamos o carro dos organizadores. Nossos adversários já tinham passado a muito tempo, e o fato era que todos eles tinham feito a estratégia que eu tinha traçado para mim também. Mas faz parte das corridas de aventura estes tipos de erro, você tem que contar sempre com uma boa margem de sorte.

Vimos que não tínhamos mais como conseguir buscar as posições e também tínhamos tomado o corte da ultima pernada de trekking.

Devido ao cansaço que estamos e também se fossemos buscar os outro pcs iríamos terminar em 5° lugar, resolvemos abandonar. Mas ainda tínhamos que subir um serra de 8 km para chegar a nossa pousada. Foi mais uma experiência alucinante de prova. Mais uma vez ficam vários ensinamentos sobre as corridas de aventura: sempre siga sua estratégia; e nunca desista pois tudo pode mudar derrepente. É um tipo de prova que quem vence não é o mais rápido, mas sim o melhor navegador que comete o menor números de erros.

A galera da Brou está de parabéns por esta prova, montando um circuito realmente maravilhoso com o melhor que Minas nos reserva: muita subida e visuais alucinantes de montanha. Continuem assim, Zé, Juninho e Mamute, fazendo provas que são para navegadores e doidos de nascença, por que sem uma pitada de maluquice você não se mete em roubadas como está!!!




quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Cap. 11 - Escalada Huayna Potosí 6088m

Chegamos na ultima parte da viagem, e nada melhor que reservar o melhor para o final. A muito tempo que eu tinha vontade de fazer uma escalada em alta montanha, e o Huayna Potosí se mostrava como uma excelente opção. Fechamos um pacote turístico com a mesma agência que tínhamos feito a Estrada de La Muerte, e pagamos 120 dólares por três dias. Um preço razoável já que vinha todos os equipamentos incluídos, comida, guia e um dia de curso para aprender a usar os equipamentos.


A Cordilheira Real na Bolívia é um dos melhores lugares para quem quer se inserir na escalada de alta montanha: os preços das agências de ecoturismo são acessíveis (para pessoas normais como eu!); e também por que na sua extensão tem seis picos acima de seis mil metros de altitude, sem contar com vários clássicos que estão na casa dos cinco mil metros.
O Huayna Potosí é classificada como a montanha mais fácil de ser escaladas de todas da Cordilheira Real, apesar da sua altura imponente. Isto se dá pelo fato da facilidade de acesso a o primeiro acampamento onde é possível chegar de carro a 4700m. No primeiro dia chegamos a este acampamento e realizamos um curso de como usar os equipamentos, também fizemos algumas escaladas de glaciais curtas para ganhar segurança.

No segundo dia subimos até o acampamento alto, que está situado a 5130m. O caminho foi sem grandes dificuldades, uma trilha na encosta da montanha com uma paisagem de fundo realmente surreal, e muito frio! Nesta parte do trecho comecei a sentir um pouco a altitude, me faltou o ar subindo e tive que segurar o ritmo. O Matheus que nem é atleta e tão pouco treina nenhum esporte, não sentiu absolutamente nada, seu corpo se adaptou bem a altitude já o João Paulo vinha sentindo muita dor de cabeça desde a noite anterior e subiu em um ritmo mais lento.

Chegamos no acampamento alto por volta do meio dia, estava muito frio apesar do tempo aberto. Ventava muito e a todo tempo encontrávamos grupos que tinham tentado fazer ataque no cume e tinham sucumbido pelo frio e pela altitude. Tentamos relaxar, fizemos um bom almoço – que por sinal o serviço de comida é muito bom da empresa El Solario – e descansamos pela tarde. Ficamos contemplando o pico e pensando no que nos esperava no próximo dia. A sensação era apavorante, pois éramos completamente inexperientes em alta montanha, fazia muito frio, e ainda tinha aquela adrenalina correndo.

As seis da tarde foi servida a janta e já nos retiramos para descansar, íamos tentar o ataque no cume a meia noite. Deitei-me e senti a altitude batendo forte, não conseguia dormi por nada e meu coração estava muito acelerado, o resultado foi que não consegui pregar o olho. Foram seis horas apavorantes, a sorte é que o Matheus me emprestou seu mp3 e escutei algumas musicas.

A meia noite em ponto levantamos e começamos a nos equipar e a comer o café da manhã. A noite estava linda, um céu estrelado que parecia que tinha sido montado a mão para inspirarmos a subir aquela montanha. Um a um os grupos foram saindo para tentar atacar o cume, eram pelo menos uns vinte grupos. Cada grupo vai com o seu guia na frente e de duas a quatro pessoas vão ancoradas em uma corda que esta presa no guia.

Logo que começamos a subir a montanha o crampon do João Paulo começou a se soltar, ele colocava dava dois passos e soltava. O guia conseguiu resolver o problema e partimos em ultimo. O João Paulo começou a sentir o ritmo e altitude logo que saímos, ele andava um pouco e pedia para respirar. Vendo que seria muito difícil para ele alcançar o cume resolveu desistir, pois se subíssemos mais teríamos que desistir todos, caso um não conseguisse. O guia voltou com João e eu e o Matheus ficamos esperando na montanha.

Um pouco que ficamos parados o frio já começou a pegar, os pés rapidamente davam a sensação que iam congelar. Esperamos uns vinte minutos e o guia chegou, clipamos a corda e começamos a subir. O guia saiu num ritmo muito forte, porém conseguiamos acompanhar. No primeiro ponto de parada já tínhamos alcançado quase todos os grupos, o guia passava e elogia nosso desempenho pra todo mundo.

Sempre que lia sobre alta montanha todos relatavam os problemas com a altitude e a necessidade de uma boa aclimatação. Tivemos poucos dias em lugares altos e eu não estava tão aclimatado e meu corpo se mostrou mais lento para responder a este processo. Quanto chegamos a 5500m as coisas começaram a mudar, comecei a passar muito mal, parecia que estava bêbado com uma forte vontade de vomitar.

A subida foi seguindo a lentos cinco passos por vez, parava e tinha que descansar para passar a sensação de ânsia. O guia queria que eu desistisse o tempo todo, falando que era perigoso ter problema naquela altura. O pior foi que o final da montanha era uma crista muito estreita e ventava muito. Cheguei verdadeiramente na raça, como a aquele velho brasileiro “que não desiste nunca”. Fazer cume foi como algo indescritível, era cinco e meia da manhã, o sol estava nascendo de um lado e do outro víamos a cidade de La Paz com suas luzes ainda acesas. Não dava para acreditar que tinha conseguido, foi realmente muito difícil para mim, e o Matheus não sentiu nada fez um verdadeira caminhada em alta montanha.

Só ficamos míseros 10 minutos no cume, o frio é muito forte -20°C e é perigoso congelar as extremidades. Fizemos algumas fotos e descemos, a volta foi bem cansativa mais chegamos ao acampamento e já encontramos com o João dizendo que no próximo ano queria voltar para conseguir fazer cume. Fica ai uma lição que os desafios nos deixam, às vezes é melhor voltar quando não se está confiante, pois em situações extremas só o que nos separam entre a vida e a morte á a tranqüilidade para superar os momentos difíceis.
Assim, fecho está viagem maravilhosa por estes dois países da America Latina. Provamos outras culturas, comemos comidas que não estávamos acostumados, dormimos em qualquer lugar, ficamos alguns dias sem tomar banho sem contar com tantas outras experiências bizarras e felizes. Fazendo um balanço podemos definir esta viajem: de mochilão; viaje histórica; e ecoturistica. Mas pensando com o coração, é tudo que acontece quando bons amigos se reúnem para conhecer novos lugares trazendo todas estas ânsias na bagagem.

Viajar é isto, e se colocar nestas situações, é conhecer os lugares mais bonitos nas situações mais adversas para depois voltar para casa e descobrir que nada melhor que sua cama e sua comida, mas, ao mesmo tempo, não viveria sem saber como são estes vários “Outros” que estão a nossa volta. Os viajantes são estes sujeitos que não vivem sem a experiência de conhecer o diferente, temos sede de ver novas paisagens e povos mergulhar no inusitado e voltar para contar tudo depois!







terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Cap. 10 Tiwanaku

Viajar pela Bolívia e não conhecer as ruínas de Tiwanaku é um verdadeiro pecado. O Perú é muito famoso pelas construções de Machu Pichu, mas as ruínas de Tiwanaco provam que os Incas para fazerem suas brilhantes construções tiveram bons professores e muitas fontes de inspiração.

Tiwanaku é um templo construído entre a cidade de La Paz e o lago Titicaca, um aglomerado de ruínas que forma um conjunto arqueológico maravilhoso. Estas ruínas foram construídas pela civilização Tiwanacota, os pré-incaicos. Esta civilização começou 1580 antes de Cristo e acabou em 1200 depois de Cristo, suas principais construções estão no entorno do lago Titicaca, sendo Tiwanaku a maior. Acredita-se que os Incas são originários destes povos, se analisarmos as construções ainda é possível fazer esta inferência, principalmente pelo tipo de engenharia sempre voltada pela posição solar e inspirada nos solstícios.

As construções de Tiwanaku também impressionam pela maneira de como eles trabalhavam as pedras com desenhos e construíam totens gigantescos, como o caso da porta do sol que é toda desenhada e o grande totem que fica reservado numa sala especial com 8 metros de altura e 16 toneladas de rocha talhada que impressiona pela riqueza de detalhes. No conjunto arquitetônico do sítio arqueológico ainda é possível visualizar uma antiga pirâmide no formato de uma meia chacana (a famosa cruz Inca), muito parecida com as pirâmides da América central.
Porém aqui se vê a diferença de países, por ter menos investimentos na recuperação arqueológica do que as ruínas Incas do Perú, o conjunto de Tiwanaco ainda está em processo de reconstrução e tem muito o que ser escavado e descoberto nestas ruínas. O mais engraçado de tudo é que o dinheiro que é destinada hoje para a recuperação destas ruínas vem da Venezuela do governo de Hugo Chaves (lembrando que todo as empresas que preservam e operam as ruinas o Perú são de capital Chileno e Americano!!).

Após esta visita a gloria Inca fica bem reduzida, percebesse que para que os Incas chegassem a construções esplendorosas foram necessários muitos estudos de seus antecessores Tiwanacotas, onde os incas se basearam e aperfeiçoaram suas técnicas para a construção de seus templos, ao passo que os Incas tiveram apenas 200 anos de apogeu os tiwanacotas tiveram 2000 anos de civilização, que nem se quer teve contato com os europeus, extinguiu 300 anos antes.

Visitar Tiwanaco é uma obrigação para quem vai visitar a Bolívia, pela beleza do local, pela riqueza histórica e pela demonstração do que o homem é capaz de fazer com o seu meio natural pelas suas crenças, fazendo nos colocar em cheque se realmente somos evoluídos agora, ou se evolução não é mero ponto de vista de fatores tecnológicos colocados como parâmetro!